O assunto que gostaria de abordar é muito importante para quem deseja compartilhar os conhecimentos adquiridos a partir de leituras e práticas no campo Espiritual, seja Esotérico/Exotérico ou mesmo Teosóficas, etc.
Atualmente a internet rompe as barreiras da distância e coloca pessoas dos mais variados pontos do globo em comunicação quase que instantaneamente.
Neste meio virtual encontramos inúmeros meios para estudos, sejam através de páginas e listas de discussão e até mesmo em salas de chats com todos os recursos pertinentes a comunicação. Nunca em tempo algum foi tão fácil buscar conhecimentos, sejam através de livros, ou de palestras, etc.
Assim como na vida real, encontramos na internet pessoas e consciências entre os mais variados níveis. Entretanto, nem todas as pessoas possuem a responsabilidade de transmitir um pouco de conhecimento sem que com isso coloque seu ponto de vista entre inúmeros temas que realmente deveriam despertar uma maior responsabilidade daquele que fala. Não queremos com isso radicalizar através de censura a fala ou texto de quem quer que seja. Porém se espera daquele que fala que já esteja comprometido com sua própria evolução. Tenha internalizado ao menos um código de ética pessoal com o qual não somente respeite aqueles que o leiam ou escutem suas subjetividades, bem como adote uma linha equilibrada e transparente com objetivo de tornar claro o tema proposto visando manter o equilíbrio dentro do que é focado no tema.
Infelizmente o que se tem observado, é que a maioria das pessoas que acreditam terem alguma coisa para transmitirem ou ensinarem, adotem posturas que mais parecem fanáticos, obcecados e que no primeiro descuido levarão o grupo, através de comentários desencontrados e até mesmo desrespeitosos, a uma divagação sem precedentes, tornando os grupos (áudio e textos) improdutivos. Tais divagações a respeito de temas polêmicos sem que seja efetuado um projeto prévio do que se deseja expor, torna um Chat numa verdadeira torre de babel.
Encontramos pessoas admiráveis pelo conhecimento dos livros e que, no entanto, nos surpreendem eventualmente pela falta de bom senso. Nem vamos falar em sabedoria, porque isso só o tempo e através das experiências é possível adquirimos.
Encontramos pessoas com grande volume de leituras, mas que em um belo dia dizem que “Sidarta Gautama foi um cara esquisito, egoísta e complicado” e no outro dia dizem que “Hitler não teria sido tão errado ao comandar o holocausto dos Judeus”. Alguma coisa está errada neste pensamento e certamente há uma intenção velada nestas afirmações lançadas entre estudos tão sérios como o Bhagavad-Gita e os Sutras de Patanjali.
Mesmo depois de constatarem o equivoco danoso, são incapazes de desculparem-se perante todos e quando o fazem, lavam suas mãos isentando-se de qualquer coisa. Quantos equívocos. É surpreendente o que determinadas pessoas fazem para se boicotarem. Mais lamentável ainda, será o dia em que implacavelmente terão que encarar frontalmente todas estas questões utilizando apenas um corpo que é pura emoção, conhecido como corpo dos desejos ou corpo astral. Talvez fora de seus corpos físicos, tornar-se-ão habitantes por bastante tempo de um dos planos do mundo astral relativo aos seus estados de consciência, e quem sabe compreendam que a vida é bem mais do que os nossos sentidos corpóreos nos mostram. E quem sabe assim, possam compreender as palavras de Krishnamurti quando diz: “Pelo amor de Deus, percebam esse fato. Existe muita violência, ódio, ciúme; isso forma uma corrente primordial; e nós, seres humanos fazemos parte dessa corrente, mas a menos que morramos para ela, essa corrente prosseguirá - essa corrente que representa o mundo, deverá prosseguir. Portanto, o indivíduo que se arriscar fora da corrente, obterá conhecimento do que existe para além do que é. Porém, enquanto permanecermos nessa corrente, ou com um pé fora e outro dentro a brincar - como a maioria de nós faz habitualmente- jamais poderemos descobrir o que há para além da morte.”
Não conseguimos ver qualquer motivo plausível para trazer comentários polêmicos e sem qualquer gancho com o tema proposto para uma sala de Chat onde já exista um tema previamente escolhido tal como o estudo do texto maravilhoso dos “Sutras de Pantanjali” – “Princípios Morais Universais: (Yama e Niyama) cujos comentários preliminares pelo expositor, já foram previa e devidamente pautados no bom senso e que nem por isso deixará de gerar algumas subjetividades e algumas até bastante equivocadas, para as quais o expositor terá a responsabilidade de dirimir da melhor forma possível com o grupo, sem com isso lançar idéias desequilibradas infundadas que levem as pessoas a divagarem, manipulando o grupo de forma desrespeitosa, provocando, deliberadamente, emanações energéticas na psicosfera de cada um, graves desequilíbrios para os quais certamente não terá como restabelecer a ordem.
É preciso ficarmos atentos, pois a palavra lançada é como a pedra que uma vez arremessada já não retorna a nossa mão. Isto é Carma, isto é Ação!
Temos observado um respeitável número de pessoas, com excelente formação cultural, acreditarem que um Chat poderá substituir a sua Ação efetivamente à prática do bem comum. Não seria isso apenas uma fuga para não terem que efetivamente relacionarem-se com grupos reais e assim enfrentarem o dia-a-dia com uma ação efetivamente profícua?
É preciso lembrar que um grupo de estudos, seja ele virtual ou presencial, não irá substituir a ação efetivamente e subjetiva de cada individuo seja na prática da caridade desinteressada ou até mesmo mediúnica. E desta última, podemos dizer que muitos renegam sua mediunidade e com isso tornam-se presas fáceis até dos “cascões astrais” que lhes causam tanta ojeriza, se não até por entidades que lhes estão a testar. Não existem vítimas!
"Não é a onda que afoga o homem, mas a ação pessoal do náufrago, voluntário, que vai deliberadamente colocar-se sob a ação impessoal das leis que governam o movimento do oceano. O carma não cria nada, nem planeja coisa alguma. É o homem que combina e cria as causas; a Lei Cármica regula os efeitos, e este ajustamento não é um ato, senão a harmonia universal, que sempre tende a retornar sua posição original, como um galho de árvore, que, vergado à força, volta a endireitar-se com um vigor equivalente. Se acontece que se desloca o nosso braço, ao tentar dobrá-lo fora de sua posição normal, devemos dizer que foi o galho que molestou o braço, ou que foi a nossa própria insensatez a causa do mal? O Carma jamais tratou de destruir a liberdade individual e intelectual, como o Deus inventado pelos monoteístas. Não envolve os seus decretos em obscuridade, para confundir intencionalmente o homem, nem pune os que ousam enfrentar os seus mistérios. Antes pelo contrário, aquele que, por meio do estudo e da meditação, descobre os seus intrincados caminhos e arroja um pouco luz nas obscuras sendas, em cujas sinuosidades tantos homens sucumbem porque ignoram o labirinto da vida, esse trabalha em benefício de seus semelhantes."(A Doutrina Secreta - Tomo III - Pág.323)
É necessária atenção redobrada a determinadas exposições, onde o orador está claramente descomprometido com qualquer responsabilidade pela sua fala, tendo em vista que ou estará desequilibrado ou tentando manipular a atenção dos demais de forma egoísta e perniciosa, ou seja, movido por sua própria vaidade, quem sabe suprindo necessidades psíquicas e energéticas que na vida real não lhe sejam possíveis, valendo-se assim de um recurso virtual para cumprir seus objetivos conscientes ou inconscientes (dramas de controle) da pior forma possível, argumentando sempre, depois de instalar o desequilíbrio, “que não se apeguem a sua fala”. Isto sim é a maior falta de respeito e irresponsabilidade.
Quando lidamos com temas tão profundos relativos às entranhas psíquicas dos seres humanos não podemos dizer que não se está formando opiniões, porque irremediavelmente estaremos sim sendo formadores de opiniões! E se o nosso verbo não estiver devidamente sintonizado com a sabedoria das obras de sabedoria “perenes” que estamos tratando, então estaremos incorrendo em erro dobrado, e fatalmente teremos que responder por isto, cedo ou tarde, tendo em vista que a lição originalmente não foi compreendida e no meio das falas incorremos em corrompê-las para atenuar nossas culpas, ou por simples vaidade do momento, usando assim o verbo (fala), tal como fazem os sofistas.
Não bastasse essas ocorrências que consideramos gravíssimas, ainda encontramos “doutores” e supostos “Intelectuais Eruditos”, proferindo seus títulos em viva voz para tentarem, quem sabe, causar constrangimento a quem lhes escutem. Ainda chegando ao atrevimento de pelas costas daqueles que muito prezaram pelo uso do bom senso, dizerem que a Sala de Chat é mais importante e está acima de qualquer coisa! Afirmando com isso, eximirem-se de qualquer solidariedade e responsabilidade com seus participantes e colaboradores. Isso só tem um nome: “vaidade” elevada aos extremos, nem vamos falar em desequilíbrios ou fanatismos.
Outra característica destes grupos que dizem estarem isentos de responsabilidade na formação de opiniões, é a mentira. Sim a mentira! Parece até coisa tola para algumas pessoas, mas não é. Pessoas que manifestam visivelmente que desejam, querem ser respeitadas e que, no entanto, não respeitam e subestimam a capacidade de seu próximo de identificarem o que é falso ou verdadeiro! A quem pensam que enganam? Provavelmente acreditem que um Chat por ser virtual não implique nas mesmas responsabilidades do dia-a-dia em sociedade, esquecem eles que por trás de um “nick” há um ser pensante e que comanda uma máquina chamada computador, tal como eles próprios o fazem e que nem por isto merecem serem subestimados moral ou intelectualmente.
Tudo isto representa apenas o reflexo da vida real e medíocre de cada individuo.
Disse um monge budista que quando falamos é porque necessitamos nos escutar muitas vezes.
Krishnamurti, em um de seus textos antológicos, nos diz: “Ignorante não é aquele que não tem instrução, mas sim o que não possui autoconhecimento. Do mesmo modo o letrado torna-se estúpido ao buscar a compreensão na autoridade e o saber dos livros. A compreensão sucede unicamente por via do autoconhecimento, o que representa o conhecimento da totalidade do nosso “processo” psicológico. Desse modo, o verdadeiro sentido da educação consiste na autocompreensão porquanto todo o indivíduo reúne a totalidade da existência. Krishnamurti in Education and The Significance of Life (1953)”
Parece-nos que sempre fica aquela retórica no ar, de que se faz as coisas com a melhor intenção possível. No entanto, é preciso observar: - Acaso não é um cego espiritual a conduzir outros cegos? Para se conquistar o respeito de um grupo é fundamental que exista um comprometimento com a verdade, e, por favor, não nos venham dizer que a verdade é relativa, pois neste caso estamos falando de verdades muito básicas que perfazem Princípios Morais Universais, já citadas acima. Quando não se observa essas virtudes, o melhor a fazer é nos mantermos afastados, caso contrário corremos o risco de estarmos valorizando o mal e dando poder a quem não tem sequer o compromisso com a abertura do caminho do seu próprio autoconhecimento.
Paz e Luz a todos os Seres!
Vera Boff
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