Saber tradicional inclui cura de doenças desconhecidas pela ciência.
Antropólogo conseguiu apoio nos EUA para construção de maloca.
Dennis Barbosa
Do Globo Amazônia, em São Paulo
A influência de culturas externas ameaça a tradição do xamanismo entre os índios. Para tentar salvar os conhecimentos tradicionais dos baniwas, foi criada na aldeia Uapuí, na Terra Indígena Alto Rio Negro, no noroeste do Amazonas, uma escola para que novas gerações aprendam as técnicas de cura espiritual criadas ao longo de séculos por esse povo da floresta. A inauguração aconteceu no final do ano passado.
Mulheres baniwas receberam visitantes com dança para a inauguração da escola de xamanismo na aldeia Uapuí. (Foto: Michel C. Wright/Divulgação)
“É uma escola para revitalização do conhecimento dos índios baniwas”, explica o antropólogo Robin Wright, da Universidade da Flórida, nos EUA, que passou anos procurando patrocínio para o projeto, até conseguir apoio da Fundação para Estudos Xamânicos, sediada na Califórnia.
Manuel da Silva, o Mandu, xamã da mais alta graduação entre os índios da região, que dirige a escola junto com seu irmão Mário. (Foto: Michel C. Wright/Divulgação)
Wright conta que a chegada de missionários cristãos à região da Cabeça do Cachorro, onde fica a aldeia Uapuí, levou muitos índios a abandonarem suas crenças tradicionais.
Os pajés, a quem os índios atribuem o poder da cura por meio do mundo espiritual, foram perseguidos e acusados de práticas satânicas. Isso fez com que eles permanecessem somente em aldeias mais isoladas.
Os xamãs passam anos estudando para conseguir entrar em transe e, segundo acreditam os índios, buscar no mundo dos espíritos a receita de cura de cada doença, que então se dá com ingredientes naturais. “É um sistema de crença que nós não temos”, comenta Wright.
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