Gostaria de tratar sobre a desmedida falta de compreensão que demonstramos quando depois de tantas leituras, tantas buscas pela harmonia interna e autoconhecimento, alguém lança em um simples dialogo uma frase cujo sentido era mais ou menos este:
“... Afirmo que a generalidade da humanidade nada recolherá de experiências positivas, após seu desencarne...”
Cabe enfatizar que no diálogo se fazia menção às experiências recolhidas à transcendência subjetiva de cada ser humano (humanidade), com vistas à iluminação futura dos seres humanos.
Fiquei pensando aqui com meus botões, qual a intenção de alguém que se diz grande estudioso da Doutrina Secreta, Teosofia, dirigente e palestrante de Casa Espírita, qual realmente a intenção de tal frase? Mesmo que fosse a suprema verdade, quem em nosso mundo teria condições de tal afirmação?
Com o que estamos contribuindo para largar uma frase destas e ainda se achar no direito de julgar seus semelhantes e validar sua afirmação de “livre pensador” pensador de quê?
Baseado em que tese ou teoria pode afirmar uma barbaridade destas? E mesmo quando alguém manifesta uma simples contrariedade diante de tal afirmação, objetivando trazer-lhe um pouco de luz à consciência, informando-lhe “você está errado” ao se posicionar assim. E mesmo que fossemos o maior dos clarividentes, uma consciência iluminada pela simples luz da razão, jamais lhe daria direito para tamanha falta de bom senso e caridade para com seu próximo e ainda se achar mesmo assim, no direito de escrever tamanha sandice. Diante de tamanha insensatez, tal como criança mimada tenta fazer valer este seu “livre pensar”, o que é no mínimo uma temeridade para um dirigente de Casa Espírita ou leitor de obras Teosóficas, seria um Teosófico? Teosofista? Teósofo? Espírita, Espiritista, Espiritólogo? Esotérico, Exotérico ou um Esquizotérico? Sustentamos nosso ponto de vista, jogando-nos tal como crianças mimadas ao chão para ganharmos exatamente o quê?
O que pensar? Quem sabe é uma alma em grandes conflitos, não crê em mais nada, se acha uma vítima do mundo e não percebe que há muito perdeu seu centro, negando assim sua própria essência Divina, e afasta-se cada vez mais dela. Seria um destes tantos indivíduos que só conseguem acreditar em uma grande e assombrosa “conspiração”? Onde seu lugar será sempre aquele que lhe for confortavelmente como “vítima”, excluindo-se assim, de sua responsabilidade pela própria evolução, a qual nega veementemente, por que em seu íntimo só encontra dor, gerada pelos apegos? Ah mas haja “Drama Controle” nessa vida!
O homem tem o direito de pensar, mas lançar a palavra é como atirar uma pedra, esta não lhe retornará mais a mão.
Com que instrumento se pode jogar tal olhar diante da humanidade, sem antes aferir suas próprias entranhas? Onde foi buscar esta tremenda ferramenta, capaz de sondar a alma humana, sem antes submeter à própria alma pelo crivo da sua suposta verdade?
Não encontro aqui compaixão, não identifico aqui sabedoria, tão pouco autoconhecimento. Nem vou questionar, onde é que se evidencia qualquer conhecimento (mesmo que superficial) de obras tão preciosas como a Doutrina Secreta, ou Livro dos Espíritos (Teosofia e Allan Kardec).
Provavelmente não compreendemos que há em nós uma essência Divina, no entanto, uma essência Divina a ser buscada pelo autoconhecimento, pela auto-reflexão, através de uma constante “auto-investigação” permanente, sistemática, austera.
Certamente entendeu que já poderia se igualar ao Absoluto e se colocou como tal, equivocadamente é claro, quando assevera com tamanha falta de consciência e com isso prova a sua total incompletude e uma bárbara ignorância. Bastaria lembrar-lhe que na falta de coisa melhor no que pensar, seriamos mais produtivos se focássemos nossa mente para uma pequena frase como esta, a seguir, e saíssemos por ai copiando e colando-a (feito doidos) apegados a uma idéia que não é nossa, colaboraríamos bem mais com o nosso próximo mais próximo e com ele ainda compartilharíamos da fonte uma majestosa sabedoria:
“Se me interessar de modo profundo e vital em produzir ordem em meu ser e no mundo que me rodeia, então isso tornar-se-á o meu maior deleite.” Krishnamurti
Ao me dispor a ler capítulos e capítulos de livros cuja sabedoria me curvo a minha total insignificância de razão e pensar. Com que direito alguém pode lançar tamanha pedra nos caminhos de seus parceiros de experiência terrena e ainda assim se achar no direito de ser um “livre pensador”!Pensador de quê? Os hipócritas, os insanos, os profanos, os dementes e os esquizofrênicos também pensam, ou será que não? Mas até estes, creio - terão experiências válidas, mesmo que somente por terem voltado a este plano material e completado sua jornada (seu tema reencarnatório). Quem sou eu para julgar ou negar-lhes o que nem a Divindade os negou?
Quando o homem se tornar consciente do movimento dos seus próprios pensamentos aperceber-se-á da divisão existente entre o pensador e aquilo que é pensado, entre o observador e a coisa observada, entre o experimentador e o que ele experimenta. Ele descobrirá que tal divisão não passa de uma ilusão. Então, existirá apenas pura observação interior, isenta de qualquer sombra do passado e do tempo. Este vazio temporal interior provoca uma mutação radical profunda na mente.
Será que ainda não conseguimos ver um palmo diante do próprio nariz? De tal forma que não nos observamos recolhendo à própria psique os meios que nos estão gerando a atração mediante enlaces sutis dos pensamentos, à falta de autoconhecimento que aflora de nossa própria queda num abismo de inconsciência sem fim, onde somente por uma grande misericórdia Divina, através das inúmeras relações com essa mesma humanidade (que ora julgamos e condenamos nosso próprio espelho que reflete a imagem de cada um) que não reconhecemos em nós mesmo, e que somente através do carma, é possível sair.
É, pois necessário que saibamos entender também o que é ser “um livre pensador”, pois enquanto aqui manifestados em plano material, estamos uns dependendo da compaixão, do amor, da sabedoria, mesmo que ainda parcialmente, do fruto do trabalho de cada um de nós em prol da paz e da evolução da coletividade.
Não me parece que se consiga dialogar estando a sós, posto que isso seja denominado “monólogo”, então não se alcança evolução isoladamente e sim através dos nossos relacionamentos! Afinal de contas somos todos UM.
“Ignorante não é aquele que não tem instrução, mas sim o que não possui auto-conhecimento. Do mesmo modo o letrado torna-se estúpido ao buscar a compreensão na autoridade e o saber dos livros. A compreensão sucede unicamente por via do auto-conhecimento, o que representa o conhecimento da totalidade do nosso “processo” psicológico. Desse modo, o verdadeiro sentido da educação consiste na auto-compreensão porquanto todo o indivíduo reúne a totalidade da existência.” Krishnamurti in Education and The Significance of Life (1953)
Se for de pensamentos livres que estamos falando, então dentro desta mesma visão, privo dos mesmos direitos e coloco aqui meu livre pensar.
Paz e luz a todos os seres!
GURIA-POARS
20 de julho de 2009
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