sábado, julho 11, 2009

QUE BRILHE NOSSA LUZ

Quanto ainda necessitará o homem, mergulhar na própria escuridão para promover e sustentar sua luz, sem que tenha que tirar a luz dos outros...
Por quantos longos e penosos caminhos teremos que percorrer até que alcancemos a nossa fugidia essência.
Porque fugimos desesperados de nós mesmos? Quantos medos velados se escondem nos cantinhos do nosso ser, e por quantos processos dolorosos eles ficaram lá escondidos, tais como criancinhas apavoradas com tem medo do escuro e refugiam-se em qualquer lugar que lhes signifique algum tipo de segurança.

A vida tem um grande propósito para cada um de nós, somos seres únicos na criação e mesmo assim somos tão diferentes uns dos outros, tanto quanto o são os filhos de uma grande família. Cada um destes filhos mostra defeitos e virtudes, alguns ainda meio revoltados, dão mais trabalho a seus pais, outros demonstram claramente, através de seus atos, a aceitação e o equilíbrio, respeitando não somente os seus irmãos, mas sendo o reflexo da compreensão dos ensinamentos de seus progenitores.
Buscamos nossa própria luz, e pelo caminho nos afastamos de nossa essência quando apontamos os defeitos alheios. Não que seja errado evidenciar o erro, o equivoco alheio, até porque fomos dotados dessa capacidade de observação, mas sobre tudo quando o fazemos sem a intenção de lhe estender a mão. Não vamos dar a nossa mão, não cortaremos parte de nós mesmos para que o outro se erga, mas num gesto de solidariedade, estendê-la para apoiá-lo, como quem socorre aquele que cai, ao invés de rir da queda que o acometeu.
É interessante observar que por mais que sejamos cuidadosos, acabamos por nos identificarmos com os equívocos alheios, evidenciando e salientando suas faltas, no momento que deveríamos também observar que os processos dos outros, fazem parte dos nossos processos e que é por isto que nos identificamos com eles.
A estrada me parece longa e ainda necessitaremos desenvolver muito nosso olhar compassivo diante de toda a potencialidade humana e adormecida. Até que se possa mudar o ângulo da nossa visão e buscar antes dentro de nós mesmos as causas dos nossos dissabores e amarguras do que lançar a flecha em direção do outro que a qualquer momento acabará por nos ferir.
Pensamos naquela pessoa que a qualquer custo, em qualquer situação, deseja manter o controle de tudo e desenvolve alguns atributos e como quem adquire um instrumento musical sem a menor condição de afiná-lo sozinho, vai esticando suas cordas até que ao arrebentá-las, evidencia que antes mesmo de produzir sonoridade dos primeiros acordes básicos, o instrumento esteja comprometido e sem condições de produzir acordes completos e harmônicos. Talvez seja esta uma, dentre as varias relações que se poderia fazer entre o conhecimento e a sabedoria. Esta relação me parece uma boda, onde o par deve buscar a integração e harmonia sem que se comprometa o todo, sem que se estique por demasiado a corda, sem que sejamos o obstáculo do outro na direção de si mesmo.
Quão ainda é grande essa inconsciência de nós mesmos! Tanto se fala de buscar dentro de nós as respostas, e ainda assim, acreditamos que elas estejam fora de si e saímos angustiados em busca da borboleta amarela, queremos capturá-la em gestos ainda por nós incompreendidos, aprisioná-la e com isto esquecendo que ninguém é feliz vivendo em cativeiro. Constatamos nosso próprio cativeiro, mas não conseguimos ver a face do nosso carrasco. O medo está implícito e não queremos identificar a própria e única face que nos afasta de nós mesmo. E se por um esforço lhe removemos a máscara, ainda assim, não conseguimos identificar nossa própria alma ali refletida, angustiada, sofrida, gritando desesperadamente pela libertação, pois ainda nos falta sensibilidade para tocarmos em nós mesmos.
GURIA-POARS – 11/07/09

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