domingo, novembro 15, 2009

A Rede do Pensamento

Krishnamurti:
Nós temos que compreender o fato de que o controlador é o controlado. O pensamento criou o pensador separado do pensamento que então diz: "Eu devo controlar". Assim, quando vocês percebem que o controlador é o controlado, vocês eliminam totalmente o conflito. O conflito só existe quando há divisão. Nossa vida está em conflito porque nós vivemos com essa divisão. Mas essa divisão é falaciosa, não é real; ela tornou-se um hábito nosso, uma cultura nossa.
Assim, quando percebemos esse fato (que o pensador é o pensamento) então todo o modelo do nosso pensamento sofre uma mudança radical e não há nenhum conflito. Essa mudança é absolutamente necessária se estamos meditando porque a meditação exige uma mente altamente compassiva e, portanto, altamente inteligente, com uma inteligência que nasce do amor, não do pensamento astucioso.
J.krishnamurti em "A Rede do Pensamento" (Editora Cultrix)

Meu comentário:

Krishnamurti, nestas poucas linhas alcança tamanha profundidade que é quase impossível não refletirmos sobre o que realmente somos. Nossas vidas são conduzidas por nossos pensamentos e na maior parte do tempo estão focados no que está fora de nós. Nas coisas do mundo, nos conceitos que a sociedade vai normatizando, acabamos estruturando nossos pensamentos com bases no consumo, conceitos falsos que ditam regras e tendências que vamos adotando de forma inconsciente, sem  questionarmos e que chamamos de "cultura".
Acabamos por nos acostumar em ver as dores do mundo e até as nossas próprias dores como banalidades, estamos meios que sedados, negamos nossa sensibilidade. Então o conflito está justamente naquilo que aceitamos sem questionar e muitas vezes quando o fazemos será com base nas opiniões externas e que ficam povoando nosso dia-a-dia e reforçando essa "rede", essa trama, e que nos fragmenta mais e mais.
É necessário que se entenda essa "compassividade"  mental.
Não sei se traduziria bem dizendo que uma mente compassiva é aquela capaz de perceber a dor do mundo, e também compreender sua própria dor. É uma entrega a si mesmo, uma rendição, é parar de lutar contra si mesmo, é vencer  o que nos separa da nossa fração Divina. Vencendo ou perdendo, sairemos ganhando!
Como entender essa inteligência que nasce do amor, essa inteligência que não é alcançada pelos pensamentos do cérebro físico, mas que  se reflete em todo o ser e o transforma. Algumas coisas não conseguimos traduzir com palavras porque devem apenas serem sentidas.
Contraditóriamente tememos nosso auto-encontro, porque há um grande medo de perdermos algo que ainda sequer compreendemos e que está latente em todos os seres a espera do despertar.
Ele fala do amor incondicional, compassivo porque é pleno de sensibilidade, amor sem restrições.
O Amor é, em si mesmo, a inteligência suprema.

Um comentário:

  1. Quando todos tivermos a consciência plena de que estamos TODOS ENTRELAÇADOS na energia divina, quando nos desarmarmos e mergulharmos de que cada o amor é realmente a inteligencia divina em nós, então seremos a poesia única. Seremos Uno no UNIVERSO e infinitamente célebres viajantes dessa beleza que é viver. :)

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