Estou
aqui no sul do Brasil escutando as previsões meteorológicas alertando-nos para mais
tempestades muito fortes que ocorrerão nas regiões sudeste e sul para hoje
ainda (sexta-feira (11), e que se estenderão no final de semana.
Para
quem está acompanhando ou tentando acompanhar a COP15, através dos (repórteres)
enviados especiais àquela conferência, já podemos ter o tom das discussões, que
infelizmente centralizam o evento em quem irá lucrar quem irá ficar no
prejuízo, quem são os países pobres, emergentes e ricos, etc. Isto tudo já
sabemos!
Em
meio a tudo isto, se tem observado algumas sugestões e questionamentos sobre o
evento por parte da população que tenta acompanhar.
Quanto
aos questionamentos, demonstram claramente a falta de informações muito básicas
sobre o tema. Porém quanto às sugestões...
Será
que multas sobre aqueles que certamente irão continuar poluindo, emitindo CO2,
adiantará alguma coisa?
Será
que premiar os que estão preservando o meio ambiente e mantendo-se dentro dos
limites de emissão de CO2, adiantará alguma coisa?
Não
seriam multados e premiados automaticamente através da resposta da própria
natureza que irá encontrar o meio próprio de restabelecer seu
equilíbrio?
Sabemos
que o aquecimento global é um processo cíclico e natural do planeta, porém
nossa civilização está acelerando e criando antecipadamente um sofrimento que
poderia ser adiado, quem sabe até evitado!
Neste
momento tão importante à humanidade ainda não conseguimos pensar diferente
sobre a questão, nos dando conta de que premiar ou multar envolve apenas o
dinheiro! Necessitamos despertar para uma nova consciência. Não estamos falando
de “multas e descontos” sobre questões banais onde a Lei é chamada para moderar
onde começa e termina o direito de cada um, pois o direito a vida é de todos
nós! A vida tem preço?
Estamos
falando agora de um contexto que a meu ver extrapola qualquer possibilidade de
penalização ou premiação. O prêmio é a vida, a penalização é a morte! A questão
que enfrentamos neste momento supera qualquer Lei que se tente elaborar.
As
relações estabelecidas neste momento entre o dinheiro e meio-ambiente, é como
querer indenizar o valor da vida humana, cada espécie animal, cada rio, cada
floresta, indenizar recursos naturais que se esgotam a cada segundo e que o
dinheiro não cobrirá o prejuízo, porque o dinheiro não poderá fabricar ou restituir
recursos que são essenciais à vida sobre o planeta! Porque enquanto a
mentalidade for baseada sobre os lucros ou prejuízos, mesmo que tenhamos
tecnologia e dinheiro para limpar a água poluída, efetuar o reflorestamento
etc., o relógio corre contra nós e provavelmente não se tenha tempo para isto.
Temos que ter em mente que a natureza opera em um tempo muito amplo e
evidentemente diferente do tempo do homem!
Não
estou dizendo que o dinheiro não é importante, mas é claro que é! Estou dizendo
simplesmente que o dinheiro não pode ser usado neste momento para tentar
premiar ou multar as ações que resultem em prejuízo ao meio-ambiente. Essa
receita nunca funcionou!
Necessitamos
sim de um grande investimento humanitário para incrementar uma nova educação,
onde não seja priorizada a competição, onde as tecnologias estejam voltadas à valorização e
preservação da vida em um sentido irrestrito!
Estando
no deserto há 30 dias com fome e sede, qual é o valor real de milhares de
dólares em relação a um litro de água limpa (potável) e um pedaço de pão velho?
Será
que teremos ainda que vivenciar uma situação destas para compreender que a
aplicação e uso dinheiro nos mesmos padrões até aqui usados já não servem mais?
A
humanidade está diante de sua encruzilhada, por um lado a grande possibilidade
de redimir-se e dar um grande salto rumo a sua evolução espiritual, através do
amor e da paz, de outro lado um salto para o abismo, resultado na crença que
deu origem a nossa civilização, baseada em um desenvolvimento cujas “necessidades”
foram “inventadas” para um consumo desenfreado e para o lucro de alguns poucos
grupos. O ser humano foi capaz de inventar necessidades extras que podemos e
devemos abrir mão em favor da vida!
O
dinheiro deveria neste momento resultar em ajuda mútua para minimizar o
sofrimento de todos nós! O dinheiro deveria neste momento ser utilizado para dar
sustento e a manutenção da vida neste planeta, visando às pesquisas e
investimento em energias sustentáveis para deixarmos a possibilidade de
sobrevivência às próximas gerações.
Tenho
ouvido pessoas falando em economia como se fossemos ter tempo para continuarmos
sustentando uma civilização que está com seus dias contados! Não há mais espaço
para esse capitalismo que aí está! Além dos problemas que devemos enfrentar com
o clima, teremos que reinventar o capitalismo com um novo olhar sobre a
economia, fundamentando-a em outros valores mais humanitários, onde não se crie
mais abismos sociais, guerras e fome.
È
no mínimo curioso observarmos o apego que temos ao modelo econômico que aí
está. Por exemplo, aqui no sul do Brasil as regiões mais afetadas por ciclones,
vendavais, são regiões pobres, onde as pessoas vivem do trabalho no campo, etc.,
após terem suas casas completamente destruídas continuam mantendo o mesmo tipo
de construções, sem se darem conta de que é preciso mudar os projetos, buscando
recursos de engenharia que protejam suas vidas. No momento atual não basta
apenas ter um teto, é preciso ter um mínimo de segurança! Porém parece que neste
momento estamos de olhos vendados, e perdemos inclusive a oportunidade de
gerarmos rendimentos, sem precisarmos explorar a população evidentemente, até
porque projetos novos de moradias podem ser até mais econômicos e rentáveis
para ambos os lados. Imaginem casas com aquecimento solar, com cisternas para
recolhimento e aproveitamento da água da chuva e com material de baixo custo
que não coloque em risco a vida das pessoas ao serem deslocados pelos ventos.
De que adianta uma reconstrução com os mesmos moldes sem qualquer preocupação
com o dia seguinte? Os fenômenos climáticos cumprem um ciclo e irão se repetir
até o seu final!
Reparem
que não necessitamos mais consumir o desnecessário, deveríamos agora consumir
visando à vida e a sustentabilidade da natureza para mantermos a vida!
Ao
invés de ficarem inventando tecnologias para aparelhos celulares, televisores
etc., vamos investir em tecnologias sustentáveis que minimizem o impacto da
natureza, veículos menos poluentes, uma agricultura orgânica sem uso de
agrotóxicos, o desuso da carne animal em substituição a uma alimentação de
folhas e grãos que nos garantirá mais saúde, moradias mais seguras e com
recursos tecnológicos sustentáveis.
A
população que é a maioria e que é o consumidor pode mudar tudo isto através da busca
por um consumo de tecnologias reais e não ilusórias. Os produtores serão obrigados a mudarem sua
produção e seus investimentos para continuarem sobrevivendo no mercado, mas não
podemos mais perder tempo!
As
saídas para enfrentarmos as mudanças climáticas estão a nossa disposição, basta
que se mude nossa visão diante do verdadeiro valor do dinheiro que deve
compensar de forma justa o trabalho de cada um sem nos escravizarmos a ele, mas
priorizando a vida da forma mais ampla possível.
Riqueza
não é, nem nunca será sinônimo de acúmulos de bens materiais!
A
própria natureza está nos dizendo o que fazer.
O
próprio problema sempre traz consigo a solução!
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